quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Programa gratuita "REDE - Terreiro Contemporâneo de Dança"


ABERTURA - 09h com Rui Moreira

OFICINAS (As inscrições poderão ser feitas pelo email franciane.depaula@gmail.com ou até 20 minutos do inicio de cada atividade.)

Manhã - 09h45 as 11h45
Oficina “Do Ijexá ao contemporâneo”, Evandro Passos (Cia. Bataka - Belo Horizonte/MG)

Release: Procuro muito mais a contextualização histórica das danças de matrizes africanas, do que a estética performática, isso é coisa da dança européia”, salienta Evandro Passos. “Devemos fazer exatamente o contrário, contextualizar, historicamente, toda e qualquer manifestação de descendência africana, caso contrário não faz sentido. Seja a dança, a música e a culinária africana estão sempre vinculadas à uma história”. A oficina “Do Ijexá ao contemporâneo” trabalhará os movimentos da dança afro-brasileira tradicional e claro com inserções contemporâneas.

Tarde - 14h15 as 15h15
Oficina “Mandingas Diaspóricas - Corporalidades africanas para o corpo brasileiro”, Luli Ramos (Abieié Cia de Dança - São Paulo/SP)

Release: Quantas Áfricas existem em nossos corpos brasileiros? Quantas possibilidades criativas podemos acessar através dos ensinamentos herdados das culturas africanas? Essas Áfricas, aqui citadas propositalmente no plural (porque assim o são – múltiplas, diversas e complexas em suas tradições e modernidades), ainda ocupam espaços diminutos nos centros legitimadores e fomentadores da dança em nosso país. Um passo importante daremos com a compreensão e disseminação das técnicas corporais afro como formas eficientes, sábias e dotadas de estruturas complexas – que nos ensinam e complementam conhecimentos sobre África e suas diásporas. Em nossa vivência, tomaremos um breve contato com o universo de expressões de danças da região da África do Oeste denominada mandingue (Senegal, Guiné, Mali, Costa do Marfim, Burkina Faso) aproximadas às experiências corporais brasileiras.

DANÇAS PERFORMANCES

Tarde - 16h30 as 17h30 Cia Rubens Barbot Teatro de Dança (Rio de Janeiro/RJ)

“Ogum” (2008) de Élvio Assunção e interpretação de Wilson Assis
”Oxum” de Valéria Mona e interpretação de Ana Paula Dias
“Nega”(1987) de Rubens Barbot , música de Merith Monk remontagem de Barbot (2007) e interpretação de Wilson Assis

VIVÊNCIA

Noite - 18h as 20h Babalorisà Sidney Ti Odè, Iyakekerê Izabel e Ekede Denísia Martins (Ilê Wopo Olojukan -Belo Horizonte/MG)

“As cantigas e danças do Siré” (Nesta atividade serão apresentados apenas as cantigas e dança do Siré, não constituindo a festa do candomblé)

Release: Siré – é uma sequência de toques e cantigas que são executados durante uma festa de pública de candomblé. Antes de começar o sirê é necessário avisar ao guardião Esù que vai se iniciar uma celebração e nesse momento todos juntos despacham o padé, comida preferencial desse Orisà, que poderá ser feito durante o dia ou um pouco antes do começo da festa. O sirê sempre começa com as cantigas de Ogum, em seguida uma seqüência pré-estabelecida de cantigas para todos os Orisàs. O Siré é momento em que a comunidade-terreiro se apresenta na roda dançando e cantando para os Orisàs, avisando que estão em festa para eles. Cantam e dançam seus mitos gloriosos para que eles sintam o quanto são amados e esperados na cerimônia. É uma evocação para que os Orisàs satisfeitos com seus adeptos compareçam para o ato seguinte, ou seja, o Rum. As cantigas do Siré se diferenciam das cantigas de Rum, que são as cantigas executadas para o Orisà dançar em uma festa, costuma dizer-se (dar Rum ao Orisà), nessas cantigas os Orisàs executam as suas coreografias conforme a cantiga e o desempenho do alagbê (reponsável) pelo atabaque maior (Rum). Não devem ser cantadas fora da cerimônia.

TROCAS E CONVERSAS

Noite - 20h - “Ler o mundo com os olhos negros”, Evandro Nunes (Negraria Coletivo de Artistas Negros (as) - Belo Horizonte/MG)

Dia 29/11 (domingo)

OFICINAS

Manhã - 09h as 11h
Oficina "Dança Negra Contemporânea/Técnica Horton de Dança Moderna", Elísio Pitta (Companhia C - Salvador/BA)

Tarde - 14h15 as 16h15
Oficina de dança com Mestre João Bosco (Cia Primitiva - Belo Horizonte/MG)

TROCAS E CONVERSAS

Manhã - 11h as 12h, Carmen Luz (Cia Étnica - Rio de Janeiro/RJ)

Tarde - 16h30 as 17h30 - “Performance: Ritual. Transitoriedade como eixo. Gesto como construção”, Renato Negrão (Belo Horizonte/MG)

DANÇAS PERFORMANCES

Noite - 18h as 19h Cia Enki de Dança Primitiva Contemporânea (Vitória/ES)

“Simbolein” - Pesquisa, criação, direção: Paulo Fernandes interpretação Paulo Fernandes e Jurandi Gusmão

Release: A inspiração gestual das cenas do espetáculo Simbolein ( do grego, significa : juntar, agregar, unir) surgiram da observação das formas complexas que compõem um dos vários alfabetos da extensa África, denominado de Ge’eze (como também a mende, loma, mandinga, fulah, wolof,), pertencentes a família nígero – congolesa. A sua expressão descrita nos revela, além da forma estética, um forte sentido simbólico, conceitual e filosófico que remete aos movimentos, criando formas que dialogam entre a escrita e os gestos. A organicidade da matéria, o corpo, se expressa como uma gramática da gestualidade. Sendo que o seu sentido no espaço, afirma, a presença existencial , dentro de uma atemporalidade.

TROCAS E CONVERSAS

Noite - 19h15 as 21h
- Ciclo de conversas sobre os processos apresentados, o mercado e a produção da dança negra brasileira.
- Encerramento do encontro.

Os convidados:




Babalorisà Sidney Ti Odè, Iyakekerê Izabel e Ekede Denísia Martins
(Ilê Wopo Olojukan - Belo Horizonte/MG)

Recebem esta imersão que se dará no barracão do terreiro de candomblé Ilê Wopo Olojukan: um território cultural tombado pelo patrimônio histórico de Belo Horizonte, local sagrado e de empoderamento da população afrodescendente.

Carmen Luz (Cia Étnica - Rio de Janeiro/RJ)

A trajetória de Carmen Luz é mais uma importante peça que compõe o mosaico da história de vida, de mulheres, negras, militantes e brasileiras. Oriunda de uma família de negros, de Oswaldo Cruz, subúrbio da cidade do Rio de Janeiro, que foram conquistando melhores espaços através da educação formal e da disciplina, o apelido de Luz, recebeu ainda pequena, dado por seu pai e, mais tarde, ao ingressar na Faculdade de Letras da UFRJ, ganhou uma composição do poeta e músico Mario Makaiba, ficando batizada definitivamente. Formada em Teatro e Literatura (Graduação e Pós-Graduação pela UFRJ), a dança aconteceu praticamente de forma autodidata. Somente depois de adulta freqüentou aulas da coreógrafa Angel Viana, com quem aprendeu a valorizar toda a sua expressividade. Coreógrafa carioca, Carmen Luz, diretora da Cia Étnica de dança, é uma artista de várias linguagens associadas à militância e educação. A Cia. Étnica de Dança e Teatro nasceu há dez anos, fruto da herança deixada pelo Teatro Experimental do Negro (TEN), idealizado por Abdias do Nascimento.

Cia Rubens Barbot Teatro de Dança (Rio de Janeiro/RJ)

Foi fundada em 20 de agosto de 1990 no bairro de Quintino na cidade do Rio Janeiro, pelo coreógrafo e bailarino Rubens Barbot, natural da cidade do Rio Grande (RS) e radicado no Rio de Janeiro de 1989. A primeira companhia negra de dança contemporânea, mantém até hoje, dezoito anos depois, um trabalho singular. Sustentando sua linguagem em pesquisas permanentes que Barbot desenvolve, centralizando seu trabalho numa analise profunda dos gestos, movimentos e imagens que se desprendem dos corpos afro-brasileiros. O processo de pensar a realidade e tentar transformá-la através da reflexão e da ação crítica, assim como o de pensar a condição humana, tem sido, historicamente, fundamental nas relações dos homens com a natureza. Os temas abordados são os mais variados, mas sempre tendo em conta a condição humana e fazendo uma interpretação sob o olhar afro brasileiro. As idéias podem partir de uma simples cena recolhida ao acaso até textos consagrados e filosóficos, e a música que se utilizamos pode ser étnica primitiva, contemporânea, erudita ou trilha especialmente composta. A Cia trabalha com músicos, autores, técnicos etc, possibilitando um maior conhecimento da nossa cultura, apuro técnico e ampliação do espaço de atuação profissional de artistas e técnicos negros no mundo das artes cênicas. A Rubens Barbot mantém um trabalho constante criando seus espetáculos e temporadas na cidade do Rio de Janeiro, excursionando por demais cidades e capitais no Brasil e também no exterior.

Link: http://www.ciarubensbarbotteatrodedanca.blogspot.com / http://barbotkeratuar2.blogspot.com


Cia Enki de Dança Primitiva Contemporânea (Vitória/ES)

Nos meados de 1977, o atual diretor e fundador da Cia. Enki de Dança Primitiva Contemporânea, Paulo Fernandes, ingressa na vida cultural de Vitória e a partir dessa experiência artística, atuou em varias áreas das artes cênicas, bem como no teatro, fotografia, vídeo, cinema. Na dança, atua como coreógrafo, figurinista e pesquisador musical. Seu trabalho na surgi com propósito de buscar reflexões sobre as questões étnico-raciais, tendo como ferramenta a linguagem do corpo, usufruindo de técnicas da dança e do teatro, trazendo a força ancestral africana e a irreverência, conforme citação do critico de arte francês Gilbert Chaudanne que diz: “ Como se houvesse uma interiorização do corpo, uma espécie de abertura para o interior desse corpo de carne, onde reside um outro corpo- talvez , o corpo sem órgãos de Antonin Artaud - mas, sem dúvida- um corpo que sabe desatar nós.....”. A sua abordagem cênica carrega uma densidade silenciosa aquém do pós–modernismo, do entretenimento, do homem oco. O diretor é autodidata e desenvolveu uma metodologia própria e ímpar, sendo um dos reminiscentes da dança afro-contemporânea no ES. Fundada em 2001, a Cia Enki é uma associação civil de caráter sócio-artístico, educacional e cultural, sem fins lucrativos, que surgi com o propósito de desenvolver um estudo que abranja a história da humanidade e suas relações com a antropologia do corpo, bem como a etnologia, a lingüística e os costumes idiossincráticos.

Elísio Pitta (Companhia C - Salvador/BA)

Suas experiências abrangem: dança, música, teatro e cinema. Estudou e trabalhou com renomados mestres das artes de várias partes do mundo, dentre eles: Mestre Waldemar da Paixão; Raimundo King; Clyde Morgan, Lia Robatto, Arthur Hall, Maria Fux, Rubens Cuello, Alvin Ailey, Maurice Bejart, e Neide Aquino, dentre outros. Desde 2000 Elisio Pitta atua como Coordenador Geral do Instituto Oya, em Salvador; em 2002 fundou o Balé da Mata Companhia de Danças, no qual é Diretor Artístico e Coreógrafo Residente, deu inicio a importantes projetos de colaboração internacional: com a Kinetica Arts Links, de Londres, com Resurrection Dance Theater do Haiti, Brazz Dance Theater, Miami e Coliseu Cultural. Em 2003 foi um dos laureados com o prêmio “Prince Claus Awards”, para o qual desenvolveu o projeto Impressões Haitianas Raízes Brasileiras em 2004. Também desde 2003 atua como Consultor Artístico para Magic Life der Club International, Brasil e Europa e 2007 atua como Conselheiro de Cultura do Estado da Bahia, a convite do Exmo. Sr. Governador do Estado, mandato que se estende até 2010. Atualmente dirige a Companhia C, Dança Negra Contemporânea, fundada em março de 2008 na cidade do Salvador.


Evandro Passos (Cia. Bataka - Belo Horizonte/MG)
Professor, coreógrafo, bailarino, especialista em História da África e Estudos Afro-brasileiros pela PUC/MG, graduado em comunicação social pela UFMG. Atualmente é bolsista Ford, cursando o mestrado na Universidade Estadual Paulista – UNESP, fundador e diretor da Cia. Bataka, professor de dança e cultura afro-brasileira do Centro Universitário de Belo Horizonte, MG.

Evandro Nunes ( Negraria Coletivo de Artistas Negros(as) - Belo Horizonte/MG)

Presidente do Negraria Coletivo de Artistas Negros (as). Ator, diretor teatral e pedagogo. Estuda a arte negra e sua influencia na sociedade brasileira, buscando com isso, o entendimento do Teatro Negro no Brasil. É integrante/fundador do TEATRO NEGRO E ATITUDE (TNA). Juntamente com o Coletivo Hip Hop Chama de Belo Horizonte, desenvolveu atividade de Gênero e Sexualidade I e II: corporeidade, subjetividade e alternativas para a atualidade, no ano de 2006. Atualmente ministra oficinas de Teatro, Brinquedos e Brincadeiras, Contação de Histórias, Performance como Linguagem, Brincando de Mascará em Projetos Sociais , Centros Culturais e Escolas Públicas e Particulares. Desenvolve atividade como Facilitador no Programa ProJovem na cidade de Santa Luzia e como Educador Social no Programa Fica Vivo! Núcleo Santa Luzia, pela Secretaria de Estado de Defesa Social , Superitndência de Prevenção à Criminalidade, e no Centro de Apoio à Família CAC/São Francisco, pela Pastoral do Negro e Prefeitura de Belo Horizonte. Estas atividades de capacitação para oficineiros e educadores têm como intuito fazer uma reflexão sobre a práxis destas funções e sobre quais os lugares da educação nos projetos/programas sociais.


Luli Ramos (Abieié Cia de Dança - São Paulo/SP)

Antropóloga, dançarina e pesquisadora das corporalidades de matriz africana desde 2002. Foi aluna no David C. Driskell Center for the Study of the African Diaspora, em Maryland, EUA, quando também participou do Kankoran West African Dance e passou a pesquisar as expressões artísticas da África do Oeste. Sua formação em antropologia, com graduação na USP e mestrado na UNICAMP, possibilitou que construísse campos de reflexão sobre a dança conjugando teoria e prática. Atuou em trabalhos de artistas como Luciana Mello, Grupo Camiranga, Orquestra Heartbreakers, Balé afro koteban, Grupo UAFRO, Iara Rennó, entre outr@s. Possui também experiência em outras linguagens da dança contemporânea e do balé clássico. É dançarina da Cia de dança Abieié onde também assiste a direção geral. É membro fundadora do DIASPÓROS coletivo artístico intedisciplinar, assim como do NSOROMAS, grupo que interliga São Paulo e Pelotas em um trabalho de arte educação chamado "Me griaron negra". Atua na Casa das Áfricas – um centro de pesquisas e de promoção de atividades culturais ligadas ao continente africano.

Links: www.casadasafricas.org.br / http://www.youtube.com/watch?v=u_M9RLdLmx4

Mestre João Bosco (Cia Primitiva - Belo Horizonte/MG)

Linhagem na capoeira angola: Mestre João Pequeno (Academia João Pequeno de Pastinha - BA) / Mestre Moraes / Mestre Rogério (Grupo de Capoeira Angola Dobrada - BH e ALEMANHA).
Formação profissional: 1976- Dançarino de soul music se inicia na capoeira com Mestre Dunga; 1979- Educador social pela FEBEM (Ceame) usando a capoeira como instrumento de educação; 1982- Inicia na Hata Yoga com Mestre Sabagan Yesudian; 1983- Torna-se aluno do senegalês Mamour Bah em Dança Africana Moderna; 1985-1987 - Pesquisa e reciclagem em capoeira com o Grupo Capoeira Angola Pelourinho, Mestre Moraes e João Pequeno de Pastinha; 1989 - Funda a Companhia Primitiva de Arte Negra para a prática, pesquisa e divulgação da dança Afro-brasileira; 1988-1990- Forma-se em acupuntura e massagem pelo Núcleo de Terapias Naturais (Tao), com Paulo Noleto; 1993- Funda o Grupo de Capoeira Angola Eu Sou Angoleiro; 2003- Funda a Associação Cultural Eu Sou Angoleiro.

Renato Negrão (Belo Horizonte/MG)
É poeta, performer, compositor. Autor de Os Dois Primeiros e um Vago Lote (Selo Editorial, 2004). Ministrou oficinas de poesia e performance na FUNARTE/SP e no Festival de Inverno de Ouro Preto UFMG/UFOP. Ministra a oficina Palavra Imagem no Programa para Jovens da Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte. Como compositor, tem composições gravadas por Alda Rezende, A Danaide e Bossacucanova, dentre outros. Apresenta-se em diversos eventos caracterizados pelo uso experimental e transtécnico dos meios de expressão.